quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um poço de clichês.

Aqui em Curitiba temos uma expressão: "piá de prédio".
Ela significa um piá - ou menino - que não empinou pipa, que não subiu em árvore, que não jogou 'bets' no meio da rua, mas sim que aprendeu a jogar vídeo game e a ler antes de todos os amiguinhos, que - óbviamente - morava em prédio e não em uma casa com quintal.
Eu fui uma piá de prédio na minha infância!

Hoje essa expressão não me define mais. O piá de prédio de dentro de mim sumiu e, devagarzinho, deu lugar a uma pessoa inquieta - pois em sua definição, o bom piá de prédio gosta mesmo é de sossego.

Nasci e cresci em Curitiba, passava férias em São Paulo (capital) e era o máximo! Sou mais cidade do que interior e mais interior do que praia. Pra falar a verdade eu não gosto de praia. Sou branquela, daquelas com pouca melanina mesmo, que fica vermelha de andar no mormaço. É um transtorno ficar vermelha porque descasco!

Ah: amo mato!

Filha única - e aqui faço uma pausa para expor um de meus traumas: o de ser filha única!
Sinto um certo preconceito das pessoas quando digo isso e não as culpo, estou ciente dos privilégios que a exclusividade dentro de casa me proporcionou, mas quero gritar ao mundo (em nome de todos os filhos únicos que existem por aí) que é uma batalha bem maior pra se encaixar no mundo externo - e que, de uma forma ou de outra, é o que mais importa - para nós, os solitos no ninho, do que os que tem com quem brincar e brigar o tempo todo!

Soei amargurada... mas não! Adorei minha infância e mudaria poucas coisas nela, acho que cada luta interna que já tive são aquilo que formaram quem sou hoje.

E quem sou hoje? Um bocado de clichês. Adoro clichês. Amores e dores clichês.
Um bom que me define é: "quem é mais sentimental que eu???" (só porque Los Hermanos é super clichê)

Sei dizer do que eu gosto: gosto de sair. Sair de casa para ir trabalhar de manhã (mais ou menos cedo. Odeio acordar cedo! Sério, ODEIO), sair da minha cidade para visitar família e amigos em outra, sair do país para ouvir outro idioma, sair da zona de conforto para subir uma ladeira por 3hs "só" para ver Machu Picchu lá no topo.

Gosto de me sujar. De doce de leite, de terra, de areia de praia (mas só a noite), de sorvete, de tinta e de suor.

Gosto de cantar, na verdade eu amo cantar. Gosto de palhaço, na verdade eu amo e sou palhaço. Gosto de rir e de fazer rir - falei que sou palhaço. Gosto mais do que tudo de gente, eu me vejo nas minhas relações.



Essa foto aí é de quando eu desci, de bicicleta, uma estrada na Bolívia chamada de "A Mais Perigosa do Mundo".
Super legal a foto, a paisagem, a queda leve de uns 300m, mas o que eu lembro e tenho até sentimentos sinestésicos é da risada do alemão e sua namorada francesa, do doce-de-leite que experimentei da argentina, da curitibana que me encontrou lá na Bolívia, do belga gigante de 1,98m e do inglês que me acompanhou a viagem toda.
Sim, os 7 pontinhos indecifráveis são, para mim, mais bonitos que a vista.


Eu disse que sou um clichê ambulante.

Um comentário: