quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Onde estou e aonde já fui!

Trabalho hoje como gestora de um projeto social.
Atuo em duas comunidades de Curitiba: Tatuquara e Uberaba. Trabalho com jovens, adoro trabalhar com jovens! Consigo colocar em prática muito do que adoro. Me relaciono com o público alvo do meu trabalho, reconheço seus rostos e sei seus nomes. Dou e recebo bom dia e isso vai além do gratificante, isso é edificante!

Comecei numa pré-escola. Foi meu primeiro trabalho remunerado.
Depois fui babá. De duas crianças, o menino de 1 e a menina de 4 anos. Fiquei lá por 6 meses, saí para estagiar. Poucas vezes na vida chorei como no último dia.
Enquanto estagiando, nos dias de folga, fazia pesquisa de mercado (daquelas tipo Censo). Na rua, em banco, por telefone. Poucas vezes fui tão ignorada como naqueles dias.
Meu primeiro estágio de psicologia foi no hospital infantil Pequeno Príncipe, mas não com criancinhas doentes (me falta estrutura emocional), mas com testes de inteligência. Poucas vezes me surpreendi tanto com a inteligência de um ser como nas respostas daqueles testes.

Essas e as outras experiências profissionais me fazem ver o quanto tenho a buscar para chegar a meu tão sonhado ápice: autonomia para criar negócios rentáveis e com um propósito social. É isso que faço hoje, mas... bem, sem toda a autonomia que desejo.
Minha ansiedade faz com que tenha algumas dúvidas. Estou no caminho certo? Faço tudo que está ao meu alcance?

Me vejo como uma guerreira.
Sem armas, sempre.

No Projeto Rondon fui para Divinópolis do Tocantins.
No intercâmbio fui pra Santa Cruz de la Sierra.
Em Curitiba pintei duas escolas e ajudei a construir a primeira horta suspensa do Brasil em uma escola para portadores de múltiplas deficiências.
Na rua da minha casa antiga ajudei minha família e a dos vizinhos a tirar a lama de dentro de casa. Fomos todos vítimas de diversas enchentes - tenho sorte de ter podido mudar.
Em meu quarto guardo um porquinho de pelúcia. Um cofre que, ao colocar moedas, toca música. Ganhei de dois de meus alunos bolivianos. A explicação dada por eles foi simples: quanto mais guardar mais rápido poderá vir nos visitar.

Peço desculpa por não ter muitas fotos, ou paciência de organizar as fotos para aqui expor, mas uma das coisas que tenho que me desafiar é o de manter o foco em uma coisa de cada vez. Ao longo desse jogo trabalharei nisso.


Essa de bandana na cabeça e short curto sou eu, com uma roupa nada elegante e um abadá amarelo ovo, no calor de 42º do verão, realizando uma dinâmica - psicólogo a-d-o-r-a uma dinâmica! - com a comunidade de Divinópolis.




Aqui seguro uma banana.
Palestra de educação sexual...













A equipe toda. De dois estados, cidades e realidades diferentes: uma do gélido sul e a outra do cálido Rio de Janeiro.
Amor e amizade eternos.









Carolyn - norte-americana com quem morei na Bolívia. Uma de muitas amizades verdadeiras. Virá passar natal e ano novo em minha casa!!!












Uma comunidade boliviana. Ao meu lado Hugo, professor de espanhol para estrangeiros e guia turístico nas horas vagas.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um poço de clichês.

Aqui em Curitiba temos uma expressão: "piá de prédio".
Ela significa um piá - ou menino - que não empinou pipa, que não subiu em árvore, que não jogou 'bets' no meio da rua, mas sim que aprendeu a jogar vídeo game e a ler antes de todos os amiguinhos, que - óbviamente - morava em prédio e não em uma casa com quintal.
Eu fui uma piá de prédio na minha infância!

Hoje essa expressão não me define mais. O piá de prédio de dentro de mim sumiu e, devagarzinho, deu lugar a uma pessoa inquieta - pois em sua definição, o bom piá de prédio gosta mesmo é de sossego.

Nasci e cresci em Curitiba, passava férias em São Paulo (capital) e era o máximo! Sou mais cidade do que interior e mais interior do que praia. Pra falar a verdade eu não gosto de praia. Sou branquela, daquelas com pouca melanina mesmo, que fica vermelha de andar no mormaço. É um transtorno ficar vermelha porque descasco!

Ah: amo mato!

Filha única - e aqui faço uma pausa para expor um de meus traumas: o de ser filha única!
Sinto um certo preconceito das pessoas quando digo isso e não as culpo, estou ciente dos privilégios que a exclusividade dentro de casa me proporcionou, mas quero gritar ao mundo (em nome de todos os filhos únicos que existem por aí) que é uma batalha bem maior pra se encaixar no mundo externo - e que, de uma forma ou de outra, é o que mais importa - para nós, os solitos no ninho, do que os que tem com quem brincar e brigar o tempo todo!

Soei amargurada... mas não! Adorei minha infância e mudaria poucas coisas nela, acho que cada luta interna que já tive são aquilo que formaram quem sou hoje.

E quem sou hoje? Um bocado de clichês. Adoro clichês. Amores e dores clichês.
Um bom que me define é: "quem é mais sentimental que eu???" (só porque Los Hermanos é super clichê)

Sei dizer do que eu gosto: gosto de sair. Sair de casa para ir trabalhar de manhã (mais ou menos cedo. Odeio acordar cedo! Sério, ODEIO), sair da minha cidade para visitar família e amigos em outra, sair do país para ouvir outro idioma, sair da zona de conforto para subir uma ladeira por 3hs "só" para ver Machu Picchu lá no topo.

Gosto de me sujar. De doce de leite, de terra, de areia de praia (mas só a noite), de sorvete, de tinta e de suor.

Gosto de cantar, na verdade eu amo cantar. Gosto de palhaço, na verdade eu amo e sou palhaço. Gosto de rir e de fazer rir - falei que sou palhaço. Gosto mais do que tudo de gente, eu me vejo nas minhas relações.



Essa foto aí é de quando eu desci, de bicicleta, uma estrada na Bolívia chamada de "A Mais Perigosa do Mundo".
Super legal a foto, a paisagem, a queda leve de uns 300m, mas o que eu lembro e tenho até sentimentos sinestésicos é da risada do alemão e sua namorada francesa, do doce-de-leite que experimentei da argentina, da curitibana que me encontrou lá na Bolívia, do belga gigante de 1,98m e do inglês que me acompanhou a viagem toda.
Sim, os 7 pontinhos indecifráveis são, para mim, mais bonitos que a vista.


Eu disse que sou um clichê ambulante.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Parece que não, mas é bem difícil falar sobre mim.

Muitos dizem que sou super expansiva e comunicativa, que gosto de rir e de fazer os outros rirem com as coisas que digo e de tentar deixar quem está triste feliz! Não sei, só sei que tenho a mania de aproximar-me das pessoas e perguntar-lhes suas razões. Sempre gostei de saber das razões das pessoas. Conta minha mãe que eu tinha esse costume quando pequena. Virava a cabeça e perguntava para crianças chorosas, por vezes até maiores do que eu, um "afoi?" ("o que foi" em criancês) e ficava ali até saber o que foi (ou até a outra criança sair de perto). Engraçado que essa pequena ação infantil anunciava minha vocação profissional: formei-me em psicologia no ano de 2009!


Formei em dezembro, viajei em janeiro. Férias? Ná, longe disso. Fui participar do Projeto Rondon no estado do Tocantins. Foram 17 dias em Divinópolis, cidadezinha pequena e acolhedora, que me conquistou já no primeiro dia com uma recepção calorosa, faixas estratégicamente posicionadas e com dizeres que nos emocionou a todos. Falei em cima de um tablado para toda uma comunidade e chorei quando, em cima desse mesmo tablado, a comunidade nos homenageou. link


Voltei no dia do meu aniversário, dia 8 de fevereiro de 2010, mas já não era mais a mesma pessoa. O ócio repentino me agrediu, senti saudade do calor, mas não aquele dos 45° celsius de temperatura, e sim o de 700° celsius do abraço do Érick, um menino de 9 anos que veio me dar tchau. A vontade de fazer mais coisas me pegou de jeito e levou para voluntariar junto a um grupo de estudantes em uma escola de ensino a pessoas especiais e, qual foi minha surpresa, duas semanas depois estava empregada ali. link


Não entendo muito bem como foi a que a transição aconteceu, mas muitas das minhas verdades caíram por terra e virei alguém muito diferente. Sempre tive vontade de fazer muitas coisas, mas sempre deixava a vontade no campo das idéias, mas em maio de 2010 pus em ação a maior vontade que tinha: fui buscar um intercâmbio. Candidatei-me à AIESEC e, dois meses depois, no dia 14 de julho, aniversário do meu pai, seguia viagem rumo à Santa Cruz de la Sierra, Bolívia! link


Cinco meses longe de casa.
Três semanas mochilando. link
Uma terceira Mathisa tornou ao Brasil. Uma junção de todas as outras, muito mais crítica e inquieta! Uma Mathisa que voltou querendo partir de novo, mas que acabou por encontrar uma razão para ficar: o emprego de seus sonhos! link


Hoje eu falo dela na terceira pessoa, pois descobri que a Mathisa que vive é o impulso corajoso da Mathisa que vos fala, essa força é que me faz sair da cama com vontade e é a junção de todos os aprendizados e afetos coletados pelo caminho que já percorri. Ela, essa coragem, força, entidade meio esquizofrênicamente poética, dá lugar aos sonhos no dia a dia, para que eu, aquela que digita, dirige, preenche papelada e cuida das burocracias nunca se esqueça de tudo que pode ser a cada segundo!